sábado, 20 de dezembro de 2014

Parque Nacional do Itatiaia

A minha mais recente aventura, foi para um lugar que a muito tempo tinha vontade de conhecer, meus pais estavam de férias e queriam fazer um passeio com a família toda (o que se tornou raro hoje em dia) então, fomos no inicio de Novembro para o Parque Nacional do Itatiaia. 
Foi o primeiro parque nacional do Brasil, é uma área de conservação e proteção da natureza localizada na Serra da Mantiqueira, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. 
O parque é lindo e tem varias "atrações" para serem conhecidas. Ir conhecer já é valido, mas é um lugar para quem gosta de caminhar e subir montanhas, as melhores paisagens exigem trilhas de nível moderado. E vale muito a pena!!
E como eu moro um pouco longe, fomos para ficar 3 dias. Saímos de Itaúna 5:00 da manha e chegamos lá 11:00, fica a 430 km de Belo Horizonte.
Tinha muito tempo que não caia na estrada, e as paisagens, o clima, a vegetação do sul de Minas, até lá, são maravilhosas! 
Chegando ao parque estava chuviscando um pouco, a estrada é bem pesada e é subida, se a chuva estivesse mais grossa, seria difícil pro carro conseguir subir, por ser alto a neblina impossibilitou nossa vista dos vales em volta, mas dá pra ver até o mar de lá. 
O parque tem um pequeno albergue (que estava em reforma, não abrigando ninguém) e uma área de camping, tem uma coberta com uma pia, mesa e banheiros. Com limite de 10 barracas, que  estavam reservadas no site, (que é muito útil, dá uma conferida) quando olhamos, mas meu pai  conhecia o lugar e sabia que eles deixavam 2 lugares de barraca para quem chegasse sem reservar. Então tentamos chegar o mais rápido possível, e deu certo, para acampar lá, pagamos 14,00 por dia, por pessoa. O carro só vai até a área de camping que fica a 3 km da portaria, depois, só caminhada.
No parque, não vende nada, faz muito frio e fica a 13 km da rodovia, então vá preparado.
Montamos o acampamento, comemos algo e já fomos andar. 
Em todo o parque tem placas explicativas, o que facilita bastante as trilhas. 


 

Fomos primeiro nas Prateleiras, indispensável pra quem vai até lá, é maravilhoso a vista tanto de baixo como de cima. o caminho é lindo, do lado da estrada segue um rio com quedas. É 1,4 km de caminhada do camping até as Prateleiras, tem  2548 m de altitude. 
Quando chegamos no pé dela, a chuva engrossou e tivemos que nos esconder em um caverna, formada pelas pedras, tão aconchegante nosso esconderijo que queria ficar por lá mesmo e tirar um cochilo.. hahah a chuva parou e continuamos a subir, o topo foi o lugar que mais me impressionou. Quase saltei de lá de tão leve que me senti.. De lá dá pra ver o Vale do Jequitinhonha, a Serra Fina no RJ, algumas cidades de Minas, uma barragem enorme.. e varias montanhas.



Uma coisa que nos chamou a atenção foi os inúmero sapinhos pelo parque.. estavam por toda parte e eram muito pequenos.. tínhamos que andar pelas trilhas olhando para não pisarmos neles. Esse sapinho é o simbolo do parque, chama Flamenguinho, porque ele é vermelho e preto e estava na época de reprodução. 

Lugar muito alto, sempre é assim.O céu limpava e fechava o tempo todo. Quando a chuva ameaçou de novo, descemos e subimos outro pico que avistamos a frente, muito lindo também, porem mais baixo, andamos por lá vimos uma pedra com formato de tartaruga e de maça. Lá tem uns lirios vermelhos incríveis, que dá um contraste lindo no meio das pedras pretas. Descansamos e já estava escurecendo e a fome bateu então voltamos para o acampamento. Preparamos o jantar, o céu não colaborou muito, ficou 
nublado então dormimos.  




A pesar do dia amanhecer de Sol, nunca passei tanto frio na minha vida a noite, estava com 3 blusas, saco de dormir que aguenta até 4°C e dentro da barraca e mesmo assim senti muito frio. Pelo termômetro do celular fez 3° C a noite. Tomamos nosso café e começamos a subir. Na sexta estávamos só nos, no sábado já estava chegando mais gente. 
Decidimos ir ate o Pico das Agulhas Negras, que tem 2,791 m de altitude e é a 6° montanha mais alta do Brasil, contrariando meu pai, que já conhecia o parque e sabia que não seria tão interessante pra nós, mas mesmo assim subimos, 2h de subida pesada e chegamos quase na base das agulhas, realmente  é incrível! 
 




A natureza sempre nos faz ver o quão pequenos em tamanho somos e quão grande podemos ser em SER. Mas para subir no pico é necessário escalar e não temos experiência e nem equipamentos para isso, então só podíamos ir até ai, (varias pessoas já morreram fazendo escalada no local). 
Voltamos um pouco e seguimos caminho para irmos ate a Cachoeira Aiuruoca, 6 km, que não chegava nunca, já estava vendo a hora que chegaria em Visconde de Mauá.. (o que não seria tão ruim..). Foi legal, a cachoeira é linda, só fomos no topo, porque nossa esperança do Sol aparecer para podermos nadar não aconteceu, pelo contrario a chuva começou a ameaçar, então tivemos que voltar. Na volta encontramos com um grupo que estava fazendo uma travessia da Serra Negra, eles iriam sair em Resende fiquei bem interessada. Pelo parque dá pra fazer varias travessias e há varias placas explicando os caminhos, ainda quero fazer alguma!
Como ainda era cedo, decidimos subir o a pedra do Altar, 1h de subida, 3 km, também é lindo, a vista é de 360° grau, ficamos lá em cima um pouco e descemos.
Na volta a chuva conseguiu nos pegar! Estava grossa e fez com que a descida ficasse muito perigosa, vimos um grupo escalando as Agulhas Negras na chuva que foram obrigados a parar, ficamos ensopados, mas chegamos bem no acampamento.  A noite também foi nublada, mas mais animada. Conhecemos uns aventureiros, conversamos um pouco, subimos em um morro perto da barraca fizemos uma meditação e fomos dormir.



No nosso ultimo dia, pretendíamos ir embora cedo.. mas não conseguimos.. tinha mais alguns lugares pra ir.. então, mesmo pra ficar meio dia tivemos que pagar o dia, tomamos café, desmontamos a barraca, demos umas voltas perto do camping mesmo, fomos em uma cachoeirinha que tem la perto (de novo o frio foi maior que a vontade de entrar na água) e decidimos ir.
Mas perto da portaria, vimos uma trilha para um mirante o Morro do Couto, e muito cansados encaramos a subida, só meu pai completou a trilha toda, eu minha mãe e meu irmão subimos em umas pedras mais altas e ficamos admirando as serras que já eram perfeitas, mas arrependi de não ter ido, vimos meu pai minusculo em cima do pico e ele disse que foi o lugar que mais gostou de lá.



Ficamos apreciando a vista, o universo, Deus e nos despedimos em corpo físico. Na descida, o Sol reinava e fomos admirando os horizontes!É incrível.. mas fiquei na duvida se vi o mar.. haha  
Me lembrou muito o Peru, quando postei as fotos, muitos amigos pensaram que eu estava em outro país, pelas roupas e paisagens, realmente não parecia estarmos no Brasil.
Um lugar que ainda não foi modificado pelo homem, a natureza em sua forma original, que sempre continue assim! Sempre quando quero mentalizo aquele lugar magico e me transporto pra lá mentalmente pois, "não importa onde estamos, nossa mente é nosso lar".



                                       Que gratidão, que paraíso.










domingo, 23 de novembro de 2014

Travessia Lapinha-Tabuleiro

Lapinha-Tabuleiro

O feriado de 15 de agosto estava chegando e eu e um amigo, queríamos aproveita-lo indo para alguma cachoeira perto de bh.. e como já tinha ido a cachoeira do tabuleiro e sabia como era.. e que tinha um camping muito bom, queríamos ir para lá.. mas o tempo foi passando e fomos encontrando dificuldades para chegar lá sem carro no curto tempo que teríamos.
Então a lei da atração nos surpreendeu, o Guilherme achou um blog do Chico com vários relatos de trilhas, achou o face dele também e lá ele estava montando um grupo para fazer a travessia lapinha-tabuleiro, ficamos animados mas muitos fatores ainda tinham que ser pensados. Como, não tínhamos equipamentos, não tínhamos pratica de caminhadas em montanhas e eram 35km com equipamentos, roupas, alimentos e barraca nas costas.
Comentei com meu pai, ele tinha muita vontade de fazer essa travessia e ia levar a barraca, então me animou.. compramos o saco de dormir, barraca já tínhamos, chamamos outro amigo e fechamos com o Chico.
Ele faz essas trilhas sempre com grupos e organiza tudo, transporte, entradas dos parques, guia,leva alguns equipamentos necessários, os campings, e geralmente o jantar.
Fui com uma mochila dessas da karga mesmo, funcionou também, mas é bem mais desconfortável e faz mal para a saúde. 
Para os três dias, levei isso na mochila, tudo foi suficiente, geralmente levo isso mesmo, é ideal para qualquer tipo de acampamento, por aqui, por pouco tempo.. (deve-se ver as condições climáticas e atividades) :


1 Dia

Saímos as 6:30 do Terminal JK em BH. Foram 2 vans, 32 pessoas. E aproximadamente 10:00 já estávamos em Lapinha da Serra, nos organizamos e começamos a caminhada. Fizemos a Travessia Tradicional, a trilha já é bem marcada, nível fácil para quem tem pratica, quase o percurso todo é reto, só uma parte que a subida é meio puxada, a única coisa que dificulta é que são muitos kms e as cargas. Sem um guia é muito fácil de se perder, pois tem muitas trilhas com caminhos diferentes em todo o caminho e em vários momentos ficamos totalmente no meio do nada, sem referencias. O sol estava quente, seguimos sentido a Lagoa da Lapinha, subimos o morro atrás dela e seguimos a trilha direto, paramos um pouco na Prainha, andamos 18km até a casa da Dona Maria e do Sô Zé. Com paisagens maravilhosas.
A vegetação é cerrado mesmo e tem vários pastos no caminho, tem agua em muitas partes e mata fechada só em alguns trechos. As 16:00 já estávamos no Parque Municipal do Tabuleiro.




Topo do morro da lapinha

Prainha

Chegando ao parque do tabuleiro



Com paradas durante o caminho, chegamos lá as estava chuviscando, as 17:30 a temperatura caiu bastante, haviam pouca barracas montadas, montamos o acampamento, tomamos banho, 5 reais banho quente na casa e gelado kkk de graça, mas esse é só para os corajosos, tipo meu pai.. rsrs 
O Chico fez uma sopa para todos, fizemos uma fogueira, conversamos, comemos e bebemos um vinho até tarde. O céu abriu um pouco para vermos as estrelas e fomos dormir.






Dona Maria e Sô Zé são um casal de velhinhos que moram em cima da Serra do Tabuleiro, a 10km da cidade, sozinhos, deixam os trilheiros acamparem no seu quintal e os recebem muito bem, servem jantar e café (com canela, uma delicia), mas quem quiser tem que avisar antes para eles saberem a quantidade eles cobram por isso tb.. mas é baratinho. São uma gracinha tem sua rocinha lá desde sempre, me lembrou muito a casa de meus avós. As vezes alguns órgãos tentam retira-los do parque, mas ai os que os conhecem fazem a maior movimentação para que eles possam ficar lá.. mas eles são os últimos moradores de lá.





2 Dia

A melhor coisa é acordar lá, aquele clima de roça, friozinho, com o horizonte maravilhoso! Então levantamos as 7:30 tomamos café e nos arrumamos para ir até o topo da Cachoeira do Tabuleiro, e o tempo estava nublado, andamos cerca de 6 km, a trilha é bem marcada, as 11:30 já estávamos no Canion da cachoeira. A Cachoeira do Tabuleiro é a cachoeira mais alta de Minas e a terceira maior do Brasil com 273 m de queda livre.
Tinha bem menos agua do que no mesmo período do ano passado, devido a seca, mas ainda sim é muito lindo, ficamos a tarde toda, aproveitando o leito do rio e o topo da queda, o sol apareceu pouco, não animei nadar. É o  lugar mais bonito dessa travessia. Fomos a um mirante ao lado e 15:30 pegamos a trilha para voltar para o acampamento. As 17:30 chegamos ao acampamento, como no dia anterior corri para pegar a fila do banheiro quente, como o grupo era grande a gente fica horas na  fila, mas era lá que interagíamos com a galera. Comemos, fizemos fogueira e fomos dormir.











3 Dia

Levantamos cedo desmontamos o acampamento e 9:00 começamos a descer rumo a portaria, estava nublado. A trilha também e bem marcada, é só descida, vista linda do vale e do Distrito do Tabuleiro, chegamos no mirante e por volta de 11:00 chegamos a portaria, deixamos as cargas e fomos para a parte de baixo da cachoeira, a trilha é bem íngreme e cheia de pedras soltas, chegando ao rio tem que pular muitas pedras, ficamos lá um bom tempo, ainda estava frio, mas tinha que dar um mergulho, a agua estava muito gelada, mas ainda sim compensa, nada como um banho de cachoeira, o poço é muito fundo e grande, fiquei mais as margens. As 15:00 voltamos para portaria, esperar a van. Uma van tinha estragado e então o outro grupo ficou esperando por muito tempo. Chegamos em bh 8:00. 









Foi uma excelente experiência, 3 dias na natureza, sem contato com o mundo civilizado, sem celular, descansa muito a mente e, apesar do esforço, o corpo também.
Pude testar mais uma vez meus limites físicos e psicológicos e aprender bem mais sobre trekking e acampamento, conheci pessoas otimas, com muitas experiências a serem trocadas.
Esse contato com a natureza nos força uma introspecção e reflexão sobre nos mesmo e percebemos que fazemos total parte dela, e como somos lindos!
Eu que pensei que nunca iria gostar de algum esporte, achei um que amo! Comecei muito bem e agora, não vou parar!