domingo, 23 de novembro de 2014

Travessia Lapinha-Tabuleiro

Lapinha-Tabuleiro

O feriado de 15 de agosto estava chegando e eu e um amigo, queríamos aproveita-lo indo para alguma cachoeira perto de bh.. e como já tinha ido a cachoeira do tabuleiro e sabia como era.. e que tinha um camping muito bom, queríamos ir para lá.. mas o tempo foi passando e fomos encontrando dificuldades para chegar lá sem carro no curto tempo que teríamos.
Então a lei da atração nos surpreendeu, o Guilherme achou um blog do Chico com vários relatos de trilhas, achou o face dele também e lá ele estava montando um grupo para fazer a travessia lapinha-tabuleiro, ficamos animados mas muitos fatores ainda tinham que ser pensados. Como, não tínhamos equipamentos, não tínhamos pratica de caminhadas em montanhas e eram 35km com equipamentos, roupas, alimentos e barraca nas costas.
Comentei com meu pai, ele tinha muita vontade de fazer essa travessia e ia levar a barraca, então me animou.. compramos o saco de dormir, barraca já tínhamos, chamamos outro amigo e fechamos com o Chico.
Ele faz essas trilhas sempre com grupos e organiza tudo, transporte, entradas dos parques, guia,leva alguns equipamentos necessários, os campings, e geralmente o jantar.
Fui com uma mochila dessas da karga mesmo, funcionou também, mas é bem mais desconfortável e faz mal para a saúde. 
Para os três dias, levei isso na mochila, tudo foi suficiente, geralmente levo isso mesmo, é ideal para qualquer tipo de acampamento, por aqui, por pouco tempo.. (deve-se ver as condições climáticas e atividades) :


1 Dia

Saímos as 6:30 do Terminal JK em BH. Foram 2 vans, 32 pessoas. E aproximadamente 10:00 já estávamos em Lapinha da Serra, nos organizamos e começamos a caminhada. Fizemos a Travessia Tradicional, a trilha já é bem marcada, nível fácil para quem tem pratica, quase o percurso todo é reto, só uma parte que a subida é meio puxada, a única coisa que dificulta é que são muitos kms e as cargas. Sem um guia é muito fácil de se perder, pois tem muitas trilhas com caminhos diferentes em todo o caminho e em vários momentos ficamos totalmente no meio do nada, sem referencias. O sol estava quente, seguimos sentido a Lagoa da Lapinha, subimos o morro atrás dela e seguimos a trilha direto, paramos um pouco na Prainha, andamos 18km até a casa da Dona Maria e do Sô Zé. Com paisagens maravilhosas.
A vegetação é cerrado mesmo e tem vários pastos no caminho, tem agua em muitas partes e mata fechada só em alguns trechos. As 16:00 já estávamos no Parque Municipal do Tabuleiro.




Topo do morro da lapinha

Prainha

Chegando ao parque do tabuleiro



Com paradas durante o caminho, chegamos lá as estava chuviscando, as 17:30 a temperatura caiu bastante, haviam pouca barracas montadas, montamos o acampamento, tomamos banho, 5 reais banho quente na casa e gelado kkk de graça, mas esse é só para os corajosos, tipo meu pai.. rsrs 
O Chico fez uma sopa para todos, fizemos uma fogueira, conversamos, comemos e bebemos um vinho até tarde. O céu abriu um pouco para vermos as estrelas e fomos dormir.






Dona Maria e Sô Zé são um casal de velhinhos que moram em cima da Serra do Tabuleiro, a 10km da cidade, sozinhos, deixam os trilheiros acamparem no seu quintal e os recebem muito bem, servem jantar e café (com canela, uma delicia), mas quem quiser tem que avisar antes para eles saberem a quantidade eles cobram por isso tb.. mas é baratinho. São uma gracinha tem sua rocinha lá desde sempre, me lembrou muito a casa de meus avós. As vezes alguns órgãos tentam retira-los do parque, mas ai os que os conhecem fazem a maior movimentação para que eles possam ficar lá.. mas eles são os últimos moradores de lá.





2 Dia

A melhor coisa é acordar lá, aquele clima de roça, friozinho, com o horizonte maravilhoso! Então levantamos as 7:30 tomamos café e nos arrumamos para ir até o topo da Cachoeira do Tabuleiro, e o tempo estava nublado, andamos cerca de 6 km, a trilha é bem marcada, as 11:30 já estávamos no Canion da cachoeira. A Cachoeira do Tabuleiro é a cachoeira mais alta de Minas e a terceira maior do Brasil com 273 m de queda livre.
Tinha bem menos agua do que no mesmo período do ano passado, devido a seca, mas ainda sim é muito lindo, ficamos a tarde toda, aproveitando o leito do rio e o topo da queda, o sol apareceu pouco, não animei nadar. É o  lugar mais bonito dessa travessia. Fomos a um mirante ao lado e 15:30 pegamos a trilha para voltar para o acampamento. As 17:30 chegamos ao acampamento, como no dia anterior corri para pegar a fila do banheiro quente, como o grupo era grande a gente fica horas na  fila, mas era lá que interagíamos com a galera. Comemos, fizemos fogueira e fomos dormir.











3 Dia

Levantamos cedo desmontamos o acampamento e 9:00 começamos a descer rumo a portaria, estava nublado. A trilha também e bem marcada, é só descida, vista linda do vale e do Distrito do Tabuleiro, chegamos no mirante e por volta de 11:00 chegamos a portaria, deixamos as cargas e fomos para a parte de baixo da cachoeira, a trilha é bem íngreme e cheia de pedras soltas, chegando ao rio tem que pular muitas pedras, ficamos lá um bom tempo, ainda estava frio, mas tinha que dar um mergulho, a agua estava muito gelada, mas ainda sim compensa, nada como um banho de cachoeira, o poço é muito fundo e grande, fiquei mais as margens. As 15:00 voltamos para portaria, esperar a van. Uma van tinha estragado e então o outro grupo ficou esperando por muito tempo. Chegamos em bh 8:00. 









Foi uma excelente experiência, 3 dias na natureza, sem contato com o mundo civilizado, sem celular, descansa muito a mente e, apesar do esforço, o corpo também.
Pude testar mais uma vez meus limites físicos e psicológicos e aprender bem mais sobre trekking e acampamento, conheci pessoas otimas, com muitas experiências a serem trocadas.
Esse contato com a natureza nos força uma introspecção e reflexão sobre nos mesmo e percebemos que fazemos total parte dela, e como somos lindos!
Eu que pensei que nunca iria gostar de algum esporte, achei um que amo! Comecei muito bem e agora, não vou parar!





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